terça-feira, 17 de agosto de 2010

Doutorices

"É doutor ou engenheiro?" Do outro lado da linha telefónica, a assistente de um secretário de Estado dispara a pergunta com naturalidade. "É importante saber para não ofender", justifica. Chamar um engenheiro de doutor é uma ofensa. Não chamar doutor a um doutor também. E, na redacção de um jornal, perdem-se cinco minutos de conversa a explicar que não há títulos, apenas nomes. Insistir em retirar o "Dr." e o "Eng." dá trabalho.
António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e, até agora, o único gestor que conseguiu chegar a administrador do Grupo Mello sem ter licenciatura, lembra as excepções. "A maior parte são self-made men, pessoas que subiram a pulso, mas que depois têm algumas necessidades. Não sabem ler balanços, por exemplo. Mas há os que, não tendo formação superior, têm empresas excelentes".

O presidente da CIP já se cansou de repetir que não é doutor. Insistem sempre em oferecer-lhe o título, como se não fosse possível a alguém na posição dele - a voz dos patrões, dono da Metalúrgica Luso-Italiana que fabrica as torneiras Zenite -, não ter concluído o curso. A sua universidade foi outra. Parecida com a de Rui Nabeiro, que construiu o império da marca Delta a partir de Campo Maior com a quarta classe. Ou a de José Luís Simões, presidente do grupo de transporte e logística Luís Simões, que aprendeu lições de vida no Mercado da Ribeira enquanto vendia hortelã e salsa.

Público
 
Isto vem a propósito dos doutores e engenheiros que vêm escarrapachados nos cheques que me passam pelas mãos, e nos telefonemas estranhos que tenho de fazer a pessoas a quem tenho prontamente de chamar doutores.
O mal desta palavra é que esta tão carregada de significado que se for usada na pessoa errada corre o risco de parecer ridícula.

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho uma Sra. Parvoíce! xD

beijinho